Em um pequeno estudo publicado na revista Nature Neuroscience, pessoas saudáveis, com idades entre 50-69, que beberam uma mistura rica em antioxidantes chamados flavonoides de cacau durante três meses tiveram melhor desempenho em testes de memória do que as pessoas que beberam uma mistura de baixa concentração do mesmo.

Em média, a melhoria do grupo flavonol significou um desempenho como se fossem duas ou três décadas mais jovens em tarefas de memória, disse o Dr. Scott A. Small, neurologista do Columbia University Medical Center e autor sênior do estudo. O desempenho foi de cerca de 25 por cento melhor do que o grupo de baixo flavonol.

“Um resultado emocionante”, afirmou Craig Stark, um neurobiólogo da Universidade da Califórnia, em Irvine, que não estava envolvido na pesquisa. “É um estudo inicial e eu meio que vejo isso como uma abertura.” Ele acrescentou: “E olha, é chocolate. Quem vai reclamar de chocolate?”.

 

Os resultados suportam a pesquisa recente que liga o flavonol, especialmente a epicatequina, na melhoria da circulação sanguínea, saúde do coração e memória em camundongos, caramujos e humanos. E especialistas dizem que o novo estudo, embora envolvendo apenas 37 participantes e parcialmente financiado pela empresa de chocolates Mars Inc., vai mais longe e foi um ensaio clínico randomizado controlado bem conduzido por investigadores experientes.

 

Além de melhorias no teste de memória – teste de reconhecimento de padrões envolvendo um tipo de habilidade para lembrar onde estacionou o carro ou recordar o rosto de alguém que acabou de conhecer – os pesquisadores descobriram um aumento da função em uma área do hipocampo do cérebro chamada de giro dentado, que tem sido associada a este tipo de memória.

 

“Rapaz, é muito interessante de ver estes resultados em três meses”, disse o Dr. Steven DeKosky, neurologista e professor visitante na Universidade de Pittsburgh. “Eles conseguiram esse aumento realmente notável em um lugar no cérebro que sabemos estar associado com a alteração da memória relacionada com a idade.”

 

Não houve aumento da atividade em outra região do hipocampo, córtex entorrinal, que é cedo prejudicada na doença de Alzheimer. Isso reforça a ideia de que o declínio da memória relacionada com a idade é diferente e sugere que os flavonóis podem não ajudar na doença de Alzheimer, embora possam atrasar a perda de memória normal.

 

Mas a menos que você esteja estocando para o Halloween, não se apresse em comprar chocolate, pois para consumir a mesma dose diária de epicatequina que o grupo do estudo consumiu, 138 miligramas, levaria você a comer pelo menos 300 gramas de chocolate escuro por dia. Ou, possivelmente, cerca de 100 gramas de cacau em pó sem açúcar, sendo que as concentrações variam muito, dependendo do processamento. O chocolate ao leite tem a epicatequina retirada.

 

“Você teria que comer uma grande quantidade de chocolate, juntamente com a gordura e calorias”, disse Hagen Schroeter, diretor da área de pesquisa de saúde e nutrição para a empresa Mars, que financia muitos estudos sobre o flavonol. A Mars financiou cerca da metade do estudo; outros financiadores foram o National Institutes of Health e duas fundações de pesquisa.

“As barras de chocolate não têm sequer muito chocolate”, disse Schroeter. E “a maioria dos chocolates usa um processo chamado holandês e alcalinização. Isso é como veneno para o flavonol”.

 

A Mars já vende um suplemento, CocoaVia, que diz promover uma circulação saudável, inclusive para o coração e cérebro. Contém de 20 a 25 miligramas de epicatequina por porção em pó ou cápsula, custando US $ 34,95 por 30 porções.  A epicatequina está também em alimentos como chás e maçãs, embora possam ser menos absorvíveis.

 

O estudo Columbia teve limitações importantes. Por exemplo, as únicas exigências nutricionais diárias eram ou 900 miligramas de flavonóis com 138 miligramas de epicatequina ou 10 miligramas de flavonóis com menos de dois miligramas de epicatequina, deixando margem para que os participantes consumissem outras coisas que pudesse desempenhar algum papel.

 

E, embora que a metade dos participantes saudáveis, mas sedentários, em cada grupo de estudo, se exercitasse quatro dias por semana, surpreendentemente, o exercício não teve efeitos na memória ou no cérebro.

 

Dr. Small, cuja pesquisa anteriormente descobriu que o exercício ajudou a função do hipocampo em pessoas mais jovens, sugeriu que talvez um exercício mais vigoroso seja necessário para afetar os cérebros mais velhos.

 

“É um estudo inteligente e interessante, mas há algumas ressalvas,” disse o Dr. Kenneth S. Kosik, neurocientista da Universidade da Califórnia, Santa Barbara. “As pessoas vão dizer: ‘Parece que eu posso comer um monte de barras de chocolate e não me exercitar’, por isso precisamos de replicação em uma escala muito maior.”

 

Uma extensa pesquisa está sendo planejada. Quanto ao porquê dos flavonóis ajudarem a memória, uma teoria é que eles melhoram o fluxo sanguíneo cerebral; outra, favorecida pelo Dr. Small, é que eles causam o crescimento de dendritos que são ramificações de neurônios receptores de mensagens.

 

“Todo mundo está cauteloso sobre os antioxidantes, mas eles são realmente únicos. Um estudo muito interessante”, disse Dr. DeKosky.

Artigo traduzido por Essential Nutrition
Referências:
http://www.nytimes.com/2014/10/27/us/a-bite-to-remember-chocolate-is-shown-to-aid-memory.html?action=click&pgtype=Homepage&version=Moth-Visible&module=inside-nyt-region&region=inside-nyt-region&WT.nav=inside-nyt-region&_r=0
Autora: PAM BELLUCK

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