Permanecer fisicamente ativo à medida que envelhecemos pode ajudar a manter nossos músculos e sistemas imunológicos robustos, de acordo com dois novos e inspiradores estudos de ciclistas recreativos mais velhos. Ambos os estudos aumentam a crescente evidência de que alguns de nossos pressupostos sobre o envelhecimento podem estar desatualizados e, diferentemente do que antes pensávamos, poderíamos ter mais controle sobre esse processo.
O envelhecimento muitas vezes parece inexorável e invariável, e, em termos cronológicos, é. Os anos passam no mesmo ritmo para cada um de nós. Mas as respostas dos nossos corpos para a passagem do tempo podem ser diferentes. Enquanto a maioria das pessoas se torna frágil, alguns permanecem ágeis.
Essas diferenças recentemente levaram um grupo de cientistas britânicos a imaginar se nossas crenças sobre o que é normal e inevitável no envelhecimento físico podem ser limitadas ou incorretas e, em particular, se podemos estar ignorando o papel do exercício físico. Afinal, as atividades entre adultos de meia idade e idosos no mundo ocidental não é comum.
Na maioria das estimativas, apenas cerca de 10% das pessoas com mais de 65 anos se exercitam regularmente. Então, nossas expectativas sobre o que é normal durante o envelhecimento são baseadas em como ele afeta as pessoas sedentárias. Mas os cientistas britânicos, muitos deles atletas recreativos, suspeitaram que o exercício possa ter um impacto na trajetória do físico e, em caso afirmativo, alterar nossas crenças sobre o envelhecimento “normal”.
EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA A LONGEVIDADE SAUDÁVEL
Para testar esta possibilidade, eles decidiram procurar um grupo de homens e mulheres mais velhos que permaneceram fisicamente ativos à medida que envelheciam e os encontraram entre ciclistas recreativos. Esses voluntários tinham entre 55 e 79 anos, faziam ciclismo há décadas e ainda pedalavam cerca de 644 quilômetros por mês. Nenhum deles era atleta competitivo.
Para o estudo inaugural, publicado em 2014, os cientistas mediram uma ampla gama de habilidades físicas e cognitivas dos ciclistas e os compararam com pessoas de idade sedentárias de idade avançada e homens e mulheres bem mais jovens. Os ciclistas provaram ter reflexos, memórias, equilíbrio e perfis metabólicos que se assemelhavam mais a pessoas de 30 anos do que ao grupo sedentário mais velho.
No entanto, essa análise deixou muitas perguntas sobre o exercício e a atividade física sem resposta. Assim, para os dois novos estudos, ambos publicados em Aging Cell, os pesquisadores decidiram reorientar suas consultas e observar de perto os músculos e as células T – um componente-chave de combate à infecção do nosso sistema imunológico.
Na maioria das pessoas, a saúde muscular e a resposta imune pioram depois que chegamos à meia idade, com os efeitos acelerando década à década. Mas houve indícios nos dados do primeiro estudo de que os ciclistas podem ser incomuns nestes aspectos.
TECIDO MUSCULAR BENEFICIADO PELOS EXERCÍCIOS FÍSICOS
Assim, para um dos novos estudos, os pesquisadores se voltaram para o tecido muscular das pernas de 90 ciclistas que já haviam passado por biópsia. Eles queriam comparar vários marcadores de saúde muscular e função através de suas idades. Se os músculos dos ciclistas de 70 anos se pareciam com os de 50, por exemplo, então sua atividade física provavelmente alterou e diminuiu o arco supostamente “normal” de declínio muscular.
Ao mesmo tempo, através de análise de sangue, outros cientistas mergulharam no sistema imunológico dos ciclistas bem como do grupo de idosos sedentários e outro de adultos jovens saudáveis. Os dois grupos de cientistas então mergulharam em seus dados e ambos concluíram que os ciclistas mais velhos não são como a maioria de nós. Eles são mais saudáveis, são biologicamente mais jovens.
Seus músculos geralmente mantiveram seu tamanho, composição de fibras e outros marcadores de boa saúde ao longo das décadas, com aqueles que pedalavam mais exibindo os músculos mais saudáveis, independentemente da idade. Os impactos no sistema imunológico dos ciclistas também foram marcantes. Nos idosos sedentários, a produção de células T novas das glândulas timo era baixa. O time dos idosos inativos também se apresentava atrofiado, em comparação com o do grupo mais jovem.
SISTEMA IMUNOLÓGICO E PROTEÇÃO HORMONAL TAMBÉM SÃO DESTAQUE
Os impactos no sistema imunológico dos ciclistas também foram marcantes. Nos idosos sedentários, a produção de células T novas das glândulas timo era baixa. O timo dos idosos inativos também se apresentava atrofiado, em comparação com o do grupo mais jovem.
Os ciclistas mais velhos, por outro lado, tinham quase tantas novas células T no sangue como os jovens. Aqueles que se exercitavam também mostraram níveis elevados de outras células imunes que ajudam a prevenir reações autoimunes e de um hormônio que protege o timo contra o encolhimento.
Os pesquisadores teorizam que os resultados dos dois estudos estão inter-relacionados. Os músculos são uma das fontes do hormônio que protege o timo. “Então, mais músculos significa mais desse hormônio”, afirma Janet Lord, diretora do Instituto de Inflamação e Envelhecimento da Universidade de Birmingham, coautora de ambos os estudos.
O sistema imunológico dos ciclistas mais velhos não eram impermeáveis ao envelhecimento, é claro. Muitas de suas células T existentes apresentaram sinais de senescência, o que significa que elas haviam diminuído e provavelmente não combateriam bem as infecções.
Os resultados também estão limitados a ciclistas britânicos recreativos. Eles não podem nos dizer se outros tipos (e quantidades) de atividade física necessariamente teriam os mesmos efeitos, ou se alguém poderia começar a se exercitar, digamos, aos 60 anos e se beneficiar na mesma medida que alguém que se exercitou durante toda a vida. Mas, mesmo com essas advertências, a Dra. Lord afirma: que “a mensagem desses estudos é que muito do que anteriormente pensávamos como inevitável no envelhecimento é de fato evitável”.
Traduzido e adaptado por Essential Nutrition
Fonte:
https://www.nytimes.com/2018/03/14/well/move/how-exercise-can-keep-aging-muscles-and-immune-systems-young.html