A manutenção da independência e qualidade de vida é crucial para adultos mais velhos. Uma das principais ameaças à vida independente é a perda de massa, força e função muscular que podem ocorrer progressivamente com o envelhecimento, condição conhecida como sarcopenia. Diversos estudos identificam a proteína (especialmente os aminoácidos essenciais) como um nutriente-chave para a saúde do músculo. Em comparação com indivíduos mais jovens, os mais velhos possuem menos capacidade de responder ao estímulo anabólico com baixas doses de proteína, no entanto, esta falta de responsividade poderia ser superada com o consumo de níveis mais elevados de proteína. Esta exigência é evidenciada através de diversos estudos que apontam este fundamental papel da suplementação proteica para a saúde muscular em adultos mais velhos.
Para analisar especificamente o efeito do aumento do consumo proteico – além do habitual – na massa magra corporal total (tecido magro e metabolicamente ativo) em adultos mais velhos, um estudo publicado em The Journal of Nutrition utilizou-se de suplementação à base de whey protein de alta qualidade durante 24 semanas.
A hipótese do estudo foi baseada em evidência anterior que indica ser necessário o consumo de 25 a 30 gramas de proteína por refeição para a otimização do estímulo da síntese proteica da massa muscular. Com isto em mente, os cientistas verificaram que, entre os participantes, as refeições com menos consumo proteico eram o café da manhã e almoço.
O estudo simples cego, randomizado e controlado, contou com a participação de 60 homens e mulheres (de 50 a 70 anos) saudáveis, com índice de massa corporal (kg/m2) em média de 25,8. Foram fornecidos a eles, tanto no café da manhã quanto no almoço, ou uma suplementação de 0,165g de whey protein por quilo de massa corporal (g/kg), ou uma bebida controle de maltodextrina isoenergética. Portanto, uma pequena dose proteica, funcionando somente como complementação dietética.
Para medir a alteração do tecido de massa magra, foi utilizada a absorciometria por dupla emissão de raios-x – uma técnica de análise físico-química de elementos através da absorção da luz pelas moléculas de íons.
Após a intervenção, os resultados foram positivos para o grupo suplementado: a massa magra aumentou 0,45 (IC95%: 0,06, 0,83) kg, enquanto que o grupo controle sofreu um declínio de 0,16 (95% CI: 20,49, 0,17) kg (P = 0,006). A análise da composição corporal revelou um aumento na massa de tecido magro no grupo suplementado, e não na massa de gordura corporal, e os locais mais afetados indicam ser a massa muscular a mais beneficiária. Os cientistas concluíram:
“Estas observações sugerem que uma distribuição optimizada e equilibrada da ingestão de proteína durante as refeições pode ser benéfica na preservação do tecido metabolicamente ativo em adultos mais velhos”.
Artigo traduzido por Essential Nutrition
Referências:
Norton C, et al. Protein Supplementation at Breakfast and Lunch for 24 Weeks Beyond Habitual Intakes Increases Whole-Body Lean Tissue Mass in Healthy Older Adults. The Journal of Nutrition, 2015. DOI: 10.3945/jn.115.219022