Pesquisadores descobriram que os corredores experientes e iniciantes tendem a se acomodar ao passo que é mais eficiente para eles. Conforme o estudo, é improvável que mudar a forma como você corre seja benéfico para o seu desempenho, podendo até dificultar.
A capacidade de correr da espécie humana é inata. A menos que exista alguma deficiência, a maioria de nós começa a correr quando crianças e continua, esporadicamente, ao longo da vida, correndo pelos aeroportos ou para alcançar o ônibus que acabamos de perder. Mas, porque podemos correr, isso significa que, naturalmente, corremos bem?
Muitos especialistas, incluindo treinadores e fisiologistas, vêm discutindo essa questão nos últimos anos, ponderando se existe uma forma ideal que todos deveriam adotar.
Em particular, eles têm discutido sobre o comprimento e a cadência do passo, e o número de passos por minuto. O comprimento e a cadência estão intimamente conectados, e especialistas e corredores se perguntam se a alteração dessas variáveis pode tornar um corredor melhor e mais rápido. Para muitos de nós que corremos, em várias ocasiões, escutamos que devemos encurtar nossos passos para correr mais rápido, ou talvez alongá-los, e talvez visar uma cadência acima de 160 passos por minuto.
Mas, surpreendentemente, há pouca evidência científica que reforce ou refute a ideia de que modificar como corremos é aconselhável, especialmente se somos novos no esporte.
Assim, para o novo estudo, publicado no International Journal of Exercise Science, cientistas da Brigham Young University (BYU), em Provo, Utah, tentaram examinar atentamente os avanços de corredores (peritos e inexperientes) e ver o que acontecia quando modificavam sua corrida.
Eles recrutaram 19 corredores qualificados e competitivos, incluindo 10 membros da equipe feminina de cross-country da primeira divisão da universidade. Também reuniram 14 pessoas ativas de outros esportes, incluindo ciclismo e natação, todas aptas, mas sem praticar a corrida nos últimos dois anos.
Primeiramente, cada voluntário correu livremente na esteira do laboratório de desempenho humano da universidade – conforme se sentiam mais confortáveis. Os corredores experientes usaram a sua velocidade de treino típica. Os novatos usaram o ritmo mais rápido que sentiram que poderiam manter por pelo menos 20 minutos.
Os pesquisadores contaram manualmente os passos de cada voluntário, um número que verificaram com o auxílio do vídeo que fizeram e, em seguida, determinaram aritmeticamente o comprimento do passo de cada pessoa correndo em sua velocidade favorita.
No segundo dia no laboratório, todos usaram máscaras para determinar a ingestão de oxigênio, a fim de rastrear sua economia durante a corrida.
A economia de corrida é importante. Em termos fisiológicos, ela é uma medida de demanda física. Se uma forma de movimento requer menos oxigênio do que outra, isto significa que é mais econômica, menos árdua e mais fácil de manter. Então, se uma maneira de correr é mais econômica do que outra, um corredor que emprega esse conhecimento pode obter maior funcionalidade com maior facilidade.
Então, na segunda visita ao laboratório, os pesquisadores começaram seu trabalho colocando os voluntários para correr usando o mesmo ritmo e comprimento de passo que haviam originalmente escolhido como seu favorito (pessoal).
Em seguida, os pesquisadores usaram um metrônomo para alterar os passos dos voluntários, pedindo-lhes que combinassem seus passos com o tom do metrônomo – tocando o pé no chão conforme o metrônomo emanava um som. A velocidade da esteira permaneceu inalterada, mas os pesquisadores aceleraram ou retardaram a cadência do metrônomo a, primeiramente, 8 e depois 16%.
A fim de manter o ritmo, os corredores tiveram que encurtar ou prolongar os passos para acompanhar o som do metrônomo. Isto foi feito por dois minutos, enquanto os pesquisadores acompanhavam suas respirações ao longo do tempo.
Os dados foram analisados para ver como a economia de corrida dos voluntários havia sido afetada.
Eles descobriram que os efeitos foram consideráveis. Quando os corredores modificavam seu ritmo de corrida preferido, alongando ou encurtando, sua economia geralmente declinava. A corrida tornou-se fisicamente mais difícil.
Curiosamente, essa descoberta mostrou-se verdadeira tanto para os corredores experientes quanto para os inexperientes, e na mesma medida. Apesar da inexperiência, os iniciantes escolheram instintivamente seu ritmo e passo mais eficiente no início do estudo. Alongar ou encurtar seus passos mais tarde não os tornou mais econômicos, mas o contrário.
Essas descobertas indicam que “nossos corpos sabem o que estão fazendo” quando se trata de escolher a forma de correr, mesmo sem o benefício de nenhuma instrução, diz Iain Hunter, professor de ciência do exercício em B.Y.U., que supervisionou o estudo e também é cientista da equipe de atletismo dos Estados Unidos.
Claro, o estudo foi feito em um pequeno grupo de corredores e somente focado em uma velocidade de corrida única e sustentável para cada um. Não pode nos dizer se existem outras situações em que os corredores podem se beneficiar com a alteração de seus passos, inclusive para prevenir lesões, ou para um sprint em direção a uma linha de chegada. Mas, conforme o Dr. Hunter, a mensagem geral é o incentivo e o empoderamento. Para a maioria de nós que corremos, nosso passo mais eficiente não é algo que devemos aprender com treinadores ou outros especialistas, diz ele. “Já o temos”.
Artigo traduzido por Essential Nutrition
Referências:
www.nytimes.com