Um estudo britânico descobriu que o treino intervalado de alta intensidade (sigla em inglês, HIIT) melhora a estrutura e função cardíaca em pacientes com diabetes tipo 2. O controle do diabetes também melhorou com o treino, mas em menor grau.

Os resultados foram publicados on-line em 9 de setembro, em Diabetologia por Sophie Cassidy e colegas, da Universidade de Newcastle, Reino Unido.

O estudo é o primeiro a sugerir que uma intervenção de exercício pode melhorar a função cardíaca em pacientes com diabetes.

“Nossos dados destacam a importância do exercício físico, além do controle de diabetes e HbA1c. O exercício pode focar em órgãos-chaves, como o coração, e ajudar a adaptar sua fisiologia”, comentou o autor sênior Michael Trenell, PhD, professor de metabolismo e medicina de estilo de vida da Universidade de Newcastle.

Pacientes com diabetes representam cerca de um quarto do total das hospitalizações por insuficiência cardíaca em países ocidentais, tornando a doença cardíaca a principal doença e causa de morte no diabetes tipo 2. O diabetes começa a afetar o coração cedo, antes mesmo da doença cardiovascular clínica se tornar aparente, mas no entanto, os diabéticos têm poucas opções de tratamento para melhorar a estrutura e a função cardíaca, de acordo com informações do artigo.

No estudo, os investigadores randomizaram 23 pacientes com diabetes tipo 2, durante 12 semanas de HIIT (n = 12) ou tratamento padrão (n = 11). O HIIT consistiu de três sessões por semana de bicicleta ergométrica em um ginásio local. Os participantes começaram com intervalos iniciais de 2 minutos e períodos de recuperação de 3 minutos, aumentando em incrementos de 10 segundos a cada semana, e chegando a 3 minutos e 50 segundos na semana 12. A sessão inicial foi supervisionada, mas, nas sessões subsequentes, eles seguiram instruções de voz gravadas em um iPod e completaram um relatório sobre os exercícios.

Os pesquisadores mediram a função cardíaca com MRI avançada e a gordura hepática com espectroscopia por ressonância magnética. Eles usaram testes de tolerância oral à glicose para avaliar o controle do diabetes. Foram excluídos do estudo pacientes que já tiveram doenças cardíacas, que se exercitavam regularmente, tomavam bloqueadores beta, ou tinham contraindicações para os testes de estresse.

Comparados com os controles, o grupo HIIT melhorou significativamente a estrutura e a função cardíaca. O ventrículo esquerdo é muitas vezes prejudicado com o diabetes e a parede da massa ventricular esquerda aumentou 12% no grupo HIIT.

Os autores ressaltam que essa “hipertrofia fisiológica” – aumento da massa da parede ventricular esquerda, que ocorre com o exercício é diferente de “hipertrofia patológica”, que ocorre com doenças cardíacas. Apenas a última está ligada a um aumento da espessura da parede devido ao acúmulo de colágeno, que pode prever a morte.

A função sistólica, incluindo o volume de ejeção (P <0,01) e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (P <0,05), também melhorou no grupo HIIT. Além disso, os participantes HIIT apresentaram melhora da função diastólica, a anomalia cardíaca mais comum no diabetes e um preditor de mortalidade.

A taxa de início de enchimento diastólico aumentou em 24% no grupo de HIIT, e torção de pico, que pode indicar danos endocárdios, diminuiu 15%.

Após HIIT, a gordura no fígado dos participantes diminuiu em cerca de 39%. O mesmo grupo também experimentou uma diminuição da gordura visceral e uma modesta, embora significativa, diminuição de HbA1c (de 7,1 para 6,8, P<0,05).

No entanto, o HIIT não alterou significativamente a gordura corporal, glicemia de jejum, insulina de jejum, a sensibilidade à insulina, ou a função das células beta. Não houve eventos adversos relatados.

“Os eventos adversos associados ao exercício predominantemente se relacionam com a doença cardíaca não diagnosticada, portanto, a triagem para a doença cardíaca é aconselhada. Para aqueles que o HIIT pode não ser apropriado, o exercício de baixa intensidade pode também ser aconselhado”, o Dr Trenell apontou.

“O exercício é recomendado como parte do tratamento padrão para todas as pessoas com diabetes tipo 2. Nossos dados reforçam esta informação, mas também destacam os benefícios específicos para o coração. O movimento físico diário é uma terapia extremamente pouco utilizada para a gestão de diabetes tipo 2.”

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Referências:
http://www.medscape.com/viewarticle/850863?src=emailthis

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